domingo, 8 de janeiro de 2012

memórias culinárias

Domingo de chuva, em casa sozinha.
Mesmo sem ser convidado, o tédio vem e senta na melhor poltrona da sala... Atribuo ao tédio aqueles momentos em que vc se levanta, anda pela casa, olha para o livro que deveria estar lendo mas prefere deixar para depois; ou quando levanta de uma cadeira para se sentar em outra, mais perto da janela, só para olhar o que está acontecendo lá fora - e chega a conclusão que na rua não tem nada de interessante.

O tédio também pode te fazer abrir a geladeira várias vezes, mesmo sem estar com fome, em busca que alguma coisa gostosa que não está lá. Foi em um destes momentos que resolvi fazer um queijo quente de garfo para mim. Espetei uma lasca gorda de queijo canastra no garfo e ascendi o fogão.
Esperando o queijo esquentar e torrar levemente nas pontas, me lembrei do meu pai, fazendo extamente a mesma coisa, há muitos anos atrás na cozinha do primeiro apartamento onde eu morei. Acho que ele adorava queijo quente no garfo e sempre fazia para ele, geralmente nos domingos a noite - provavelmente movido pelo  tédio de domingo.
Eu via,me aproximava e pedia um pedacinho. Papai então pegava outra lasca gorda de queijo, espetava no garfo e esquentava. Como qualquer outra criança, eu ficava doida para a delícia ficar pronta!  Quando finalmente estava no ponto, ele me entregava o garfo com o aviso "está quente!" e eu cai de boca. achava engraçado o barulho que o queijo fazia no meu dente, como se fosse borrracha.

Acho que é impossível comer queijo quente de garfo sem lembrar disso tudo. Enquando eu me deliciava hoje, pensava em outras comidas que me fazem lembrar de pessoas especiais:

- biscoito papa-ovo: vovó julieta;
- queijo quente com açucar (famoso queijinho da bahiana): tia zezé;
- biscoito de castanha do pará / de "luinha": Tia Angélica;
- frango ensopado com cebola queimada: Piê;
- arroz com ovo: meu primo Felipe;
- pastelzinho árabe: tia jane e vovó julieta;
- cocadinha: vovó agustinha;
- macarrão com tutu (com pouco sal): almoços na casa da vovó vitória;
- mate-couro geladinho: peixoto, o moço da cantina do colégio (ele tinha um bigode grisálho e a unha do mindinho maior do que as outras);
- peixe frito e fanta-uva: férias em vila velha;
etc
etc
etc


Quer uma sugestão? Repita este exercício nostáugico. As lembranças também são muito saborosas.

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