domingo, 8 de agosto de 2010

É impressionante como a culpa é algo poderoso, e por isso, capaz de mudar a opinião de qualquer um em questões de segundos. Comecei a pensar nisso outro dia, no trânsito, em uma das minhas idas e vindas. Como pé quente que sou, me estressar com o motorista que está na minha frente é algo corriqueiro. Barbeiros, lerdos e imperitos, de forma em geral, deveriam ser banidos das ruas para todo o sempre. Sem dó nem piedade. Quando cruzo com um destes, eu xingo, buzino,tento uma ultrapassagem, amaldiçôo 3 gerações do infeliz. Faço tudo isso na certeza de que estou no meu direito de motorista, cidadã e pessoa que anda sempre atrasada por aí.



Porém, outro dia, percebi que uma certa cabeleira branca e um conjunto de rugas “atropelaram” meu estômago enquanto que eu estava em meu (merecido) ataque de ira motorizado. Eu destilei toda a minha raiva contra (imaginem) um adorável velhinho – daqueles tipo Seu Firmino, porteiro do Carrossel. Ele dirigia seu carro, talvez na mesma marcha que conduziriam seus próprios passos, tomando o maior cuidado com os buracos e poças d’agua e eu só fui capaz de apressá-lo e, insensivelmente, passar por cima dele. Ai, que vergonha. Quase morri de dor no coração e de vergonha dos meus pais, das minhas queridas e vigorosas avós.


Agora, antes de xingar ou buzinar, procuro olhar bem para ver se o motorista não é nenhum velhinho. O problema é que não ando enxergando muito bem mais. Acho que a idade está chegando... Por acaso, você teria um bom médico para me indicar, meu filho?

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